O que é Aprendizagem Adaptativa e por que
ela é o futuro da educação corporativa

Quando foi a última vez que você utilizou a fórmula de Bhaskara no seu cotidiano? A menos que você seja um engenheiro, provavelmente a resposta será: nunca. Na contramão desse ensino padronizado, está a aprendizagem adaptativa, que busca adequar os conteúdos de acordo com as necessidades, as expectativas e o estilo das pessoas, sem esquecer que elas já possuem experiências anteriores.

Afinal, da mesma forma que as escolas tradicionais, as empresas têm cometido o mesmo equívoco de oferecer treinamentos iguais, no ritmo e no conteúdo, para colaboradores com necessidades diferentes. Vamos juntos pensar em um novo jeito de treinar pessoas?

O que é aprendizagem adaptativa?

prendizagem adaptativa é um modelo de ensino focado nas necessidades e objetivos do aprendiz. Portanto, se concentra naquilo que é relevante no momento para um indivíduo, considerando perfil técnico, estilo de aprendizagem e metas personalizadas.

Com base nesses requisitos, esse modelo de ensino oferece – por meio de tecnologia – os conteúdos certos na hora certa, além de alterar a sequência deles conforme o caminho trilhado pelo aprendiz. Ao contrário do modelo tradicional de ensino, essa abordagem passa a respeitar as características individuais, melhorando a experiência das pessoas.

Embora o termo tenha se popularizado nos últimos anos, a ideia de uma aprendizagem sob medida não é nova. O SRA Reading Laboratory é um exemplo de aprendizagem adaptativa “analógica”. Criado pelo psicólogo Don Parker em 1955, esse laboratório consistia em uma série de cartões de exercícios de leitura identificados por cores, em que cada cor representava um grau de dificuldade.

Foto: Reprodução/Amazon.

Depois de realizar uma avaliação inicial com os alunos, Parker designava um cartão de cor compatível com o nível de leitura identificada. Logo, ao invés de todos lerem a mesma coisa, cada criança recebia o material mais adequado para ela. Conforme fosse avançando nos exercícios, o professor poderia trocar a cor do cartão, propondo novos desafios.

Na década de 70, a aprendizagem adaptativa era conhecida como aprendizagem baseada em pesquisa (research-based learning). Durante essa época foram desenvolvidos alguns sistemas integrados de aprendizagem, que utilizavam complexos algoritmos para identificar o estilo de aprendizagem e recomendar o melhor caminho baseado nessa análise.

Como nos anos 70 a tecnologia ainda era escassa e pouco acessível, isso dificultava a implementação da aprendizagem adaptativa de forma massiva e escalável, tanto no âmbito escolar como corporativo. Graças à modernização da tecnologia e do barateamento, agora é possível utilizar sistemas que apoiem essa aprendizagem adaptativa em larga escala. Lembra do SRA Reading Laboratory? Agora ele virou uma plataforma de ensino.

Foto: Reprodução/Abiva Publishing House.

Mas ainda resta uma pergunta:

Por que a aprendizagem adaptativa está em alta agora?

Você sabia que 1% de uma semana é tudo que os colaboradores têm para focar em treinamento e desenvolvimento? Isso representa 24 minutos a cada 7 dias, conforme infográfico elaborado pela Bersin by Deloitte.

O perfil do aprendiz moderno mudou: as pessoas estão cada vez mais distraídas e impacientes. Para reforçar isso, a pesquisa da Bersin nos apresenta que os colaboradores desbloqueiam seu smartphone 9 vezes por hora e são interrompidos a cada 5 minutos. Muitos não assistem a vídeos maiores do que 4 minutos e levam de 5 a 10 segundos para decidir se algo merece ou não sua atenção.

As tendências de aprendizagem digital acompanham esse perfil:

Segundo o 2018 Workplace Learning Report, elaborado pelo LinkedIn, 58% dos colaboradores preferem aprender no seu próprio tempo.

O relatório Modernising Learning: Delivering Results (2014), proposto pela Towards Maturity, mostra que 88% dos colaboradores aprendem melhor com outros colaboradores e 70% aprendem pesquisando no Google.

De acordo com The Ken Blanchard Companies, líder global em gestão de treinamentos, 33% dos profissionais de educação corporativa planejavam focar na aprendizagem adaptativa em 2019.

Nesse sentido, os benefícios de investir em práticas de aprendizagem adaptativa são muitos. Confira:

Benefícios da aprendizagem adaptativa

1. Conteúdo just in time

Com a aplicação de práticas e ferramentas de aprendizagem adaptativa, os colaboradores têm acesso a conteúdo feito sob medida para suas necessidades. A ideia principal é eliminar o desperdício de tempo e dinheiro em cursos que não agreguem muito para o trabalho do colaborador e focar naquilo que realmente vale a pena. O que importa é ajudar alguém a resolver um problema de negócio da forma mais ágil e prática possível.

Nesse ponto, o microlearning e as pílulas de conhecimento são boas alternativas, pois trazem apenas o conteúdo necessário para aquele momento do colaborador, ou seja, conteúdo certo no momento certo.

2. Engajamento das pessoas

Por que algumas pessoas assistem a um vídeo até o final enquanto outras o abandonam logo nos primeiros segundos? O engajamento não é algo magicamente criado ao acaso, ele é construído. Um dos pilares para incentivar as pessoas a investirem na aprendizagem é justamente oferecer conteúdo de valor, que desperte interesse e gere envolvimento. E nada mais certeiro para engajar pessoas do que apresentar, de forma atrativa, soluções para suas necessidades.

Não podemos minimizar perfil do novo aprendiz que tem a impaciência como uma de suas características mais fortes (que influencia diretamente no engajamento). Por isso, a importância de gerar conteúdo dinâmico e que demonstre rapidamente como contribui para o dia a dia daquela pessoa.

Andreia da Silva Justo

Consultora em ERP pela UDESC e pós-graduada em Engenharia de Software pela PUC, possui os títulos de PMP (Project Management Professional) pelo PMI e CBPP pela ABPMP. Com mais de 25 anos de experiência em gestão de projetos, é uma grande entusiasta da tecnologia e acredita na inovação como facilitadora dos processos de desenvolvimento de pessoas. Atualmente é CEO do Twygo.

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